5 atividades inclusivas para fazer em sala de aula com seus alunos

Postado em 16 de jun de 2021
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Está procurando atividades inclusivas para fazer em sala de aula com seus alunos? Pois neste artigo, trouxemos 3 delas para você. 

Além disso, vamos falar um pouco aqui sobre a educação inclusiva, os desafios que enfrenta nos dias de hoje no Brasil e como um professor pode se preparar. 

Você vai conferir: 

 

O que é educação inclusiva? 

Em conceito, a educação inclusiva se baseia na ideia de cidadania global, incluindo todas as pessoas, sem preconceito. 

De acordo com essa ideia, todos os alunos seriam diferentes entre si e únicos, o que reforça a ideia de que não existe um grupo de pessoas diferentes e um grupo de pessoas normais, mas que todos são diferentes e que isso é normal. 

Na prática, então, a educação inclusiva é uma abordagem que busca a adaptação do sistema educacional para garantir o acesso e permanência de alunos com necessidades especiais em escolas regulares. 

Os principais objetivos são o aluno conseguir acessar e permanecer no sistema regular, se integrar com os demais alunos e participar dos mesmos processos de socialização. 

Uma escola que pratica a educação inclusiva acaba por ser uma escola diversa, porém precisamos tomar cuidado ao usar o termo porque a educação inclusiva não é caracterizada pela diversidade. 

Uma escola com um corpo de alunos diverso não necessariamente tem um projeto pedagógico que abrange todos e recursos inclusivos. 

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Educação especial X educação inclusiva

Durante muito tempo no Brasil, a educação de pessoas com necessidades especiais se dava apenas em escolas especiais. 

A educação especial foi pensada para atender exclusivamente alunos que tenham necessidades especiais. 

Ela atende alunos com transtornos gerais do desenvolvimento (TGD), deficiência física, visual, auditiva e intelectual, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades ou superdotação. 

A educação especial é aplicada em escolas especiais, que podem abarcar um tipo de necessidades citadas acima ou várias. 

Porém, escolas especiais sempre geraram algumas críticas. 

A maior delas é que esse tipo de abordagem acaba segregando o aluno com necessidades especiais e tirando dele algo essencial: a integração com os demais alunos. 

Por isso, estudiosos da área acreditam que o ideal seja o sistema regular de ensino se adaptar física e pedagogicamente para receber alunos com necessidades especiais de forma inclusiva. 

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Como surgiu a educação inclusiva?

O que viria a ser a educação inclusiva começou a ser debatida de forma prática em 1994, na Conferência Mundial de Salamanca sobre Educação para Necessidades Especiais. 

Desta conferência saiu um documento, a Declaração de Salamanca, que reforça o compromisso das nações com a educação para todos, incluindo crianças e adolescentes com necessidades especiais. 

Como consequência ao documento, e aos movimentos para transformar em prática as resoluções da declaração, surgiu a educação inclusiva. 

O que são as atividades inclusivas

As atividades inclusivas são estratégias pedagógicas que criam oportunidades de aprendizagem para todos os estudantes. Elas permitem que todas as crianças interajam, considerando as peculiaridades de cada um e as diferentes formas de aprender.

As atividades inclusivas trabalham com as experiências prévias dos estudantes e as sensações e sentidos deles diante de uma situação ainda não vivenciada. Elas devem ser praticadas em grupo, pois a aprendizagem é um processo mediado pelo outro.

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Os desafios da educação inclusiva no Brasil 

Embora ainda não tenha um cenário ideal, e veremos por que, a educação inclusiva é muito melhor hoje do que já foi em outros tempos. 

Entre 2010 e 2020, as matrículas de alunos com necessidades especiais em escolas comuns teve um crescimento de cerca de 20%. Em 2010 eram 68,9% e em 2020 esse número passou para 88,1%. 

Em alguns estados do país (Acre, Rio Grande do Norte, Roraima e Espírito Santo), a porcentagem de alunos com necessidades especiais matriculados em escolas comuns chega a 100%, o que é um marco louvável. 

Porém, não só apenas de dados positivos vive a educação inclusiva no Brasil. 

Problemas de infraestrutura

O Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2021 notou que apenas 63,3% dos banheiros em escolas comuns da zona urbana possuem banheiro adequado, por exemplo. 

E que apenas 31,9% das escolas conta com uma sala de recursos multifuncionais para Atendimento Educacional Especializado, o AEE. 

Essa diferença no acesso à educação básica acaba trazendo dificuldades para a vida adulta das pessoas com necessidades especiais, como mostra um dado divulgado pelo IBGE. 

Reflexo na vida adulta

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, elaborada pelo IBGE, 67% da população com deficiência não tem a instrução formal que deveria ter. 

Entre pessoas sem deficiência, essa porcentagem cai para 30%, mostrando que não é um problema ocasional, mas estrutural. 

Preconceito e bullying

Outro desafio enfrentado pela educação inclusiva no país é o medo que os pais de crianças com deficiência têm de seus filhos sofrerem preconceito entre crianças consideradas “normais”. 

Segundo uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha em 2021, 87% dos pais tem esse receio. 

A pesquisa também mostrou outros dados interessantes da percepção do povo brasileiro sobre a educação inclusiva, como 86% dos entrevistados afirmando que a escola se torna um ambiente melhor com a inclusão. 

Formação dos professores

Outro problema encontrado é quanto à formação dos professores. 

Segundo a pesquisa do Datafolha, 71% dos entrevistados acredita que os professores têm intenção de atuar com educação inclusiva, mas 67% citou que eles não têm a formação adequada. 

E essa percepção pode estar correta porque o Censo Escolar 2019, por exemplo, descobriu que apenas 6% dos professores do sistema educacional brasileiro está preparado para ministrar aulas para alunos com necessidades especiais. 

O que também é interessante no censo é que entre os professores que atuam na educação especial, a porcentagem de profissionais capacitados para a área é de apenas 42%.

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Como criar uma atividade inclusiva

Uma atividade inclusiva deve trabalhar com os sentidos dos estudantes e ainda estimular a empatia e a criatividade. O professor também deve considerar o espaço físico e recursos disponíveis na escola no planejamento.

Assim como em um plano de aula, o educador deve definir alguns pontos antes de realizar a atividade:

  • Local em que será realizada
  • Materiais necessários
  • Regras e dinâmica
  • Objetivo
  • Duração da atividade

A criação de uma atividade inclusiva é desafiadora. Ela precisa ser adaptada para cada turma, de acordo com as especificidades dos estudantes que a compõem.

5 atividades inclusivas para fazer em sala de aula 

Mesmo que a escola onde você atua não tenha uma abordagem de educação inclusiva ou não tenha a infraestrutura necessária, ainda existem atividades inclusivas para fazer em sala de aula que ajudam os alunos a chegarem no objetivo. 

Nós selecionamos três delas aqui, e você vai perceber que são atividades inclusivas para fazer em sala de aula que não requerem muito material ou esforço, apenas intencionalidade. 

1. Contação de histórias

A contação de histórias é uma maneira universal de trabalhar interpretação e senso crítico. 

Pode-se criar diversas atividades inclusivas para fazer em sala de aula a partir de uma história, como explorar os aspectos táteis do livro, a imaginação das crianças ao apenas contar a história de forma oral ou, então, trabalhar um teatrinho. 

Ao escolher a história que irá contar, você deve montar um roteiro para fazer um bom uso do recurso. Ele deve prever:

  1. Explorar o título do livro, para as crianças terem a chance de prever o que vão ler ou escutar;
  2. Explorar como o livro se organiza (capa, editora, autor, número de páginas);
  3. Explicar o tipo de enredo e suas características para a turma;
  4. Apresentar os personagens;
  5. Situar a turma sobre o cenário e a época em que a história se passa;
  6. Fazer perguntas aos estudantes que permitam que eles associem a história à realidade em que vivem;
  7. Contar o enredo da história e destacar qual o ponto culminante;
  8. Explicitar quais situações e valores sociais foram trabalhados.

Permita que as crianças manuseiem o livro, mesmo que ainda estejam em processo de alfabetização. No caso de estudantes cegos ou com baixa visão, você pode usar livros de história com adaptação do texto em braile, painéis táteis ilustrativos e músicas de ambientação.

Existem livros infantis que incluem o braile e o texto impresso na mesma página, o que permite usar o mesmo material com todos os estudantes. Outros recursos são os livros falados, que podem ser aproveitados por toda a turma.

Já para crianças surdas, existem livros infantis com versões em Libras. Lembrando que é possível adaptar qualquer história à Língua Brasileira de Sinais, que deve ser combinada imagens. Elas auxiliam que todos os estudantes compreendam com mais facilidade o enredo e os valores contidos na história.

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2. Desenhar o corpo

Essa é uma atividade que ajuda a criança a entender a diferença de maneira real e visual. Você vai precisar de um rolo de papel kraft e canetas coloridas, lápis de cor ou giz de cera. 

Antes da atividade, você pode trabalhar com os alunos quais são as partes do corpo, como cuidar do nosso corpo, o que é igual às outras pessoas e o que é diferente. 

Então, promove a atividade em si usando duplas. Um coleguinha contorna o corpo do outro no papel, o que vai ajudar ambos a entender as dimensões reais de seu corpo e como eles são diferentes. 

Depois da atividade, você pode voltar com os questionamentos, buscando saber como foi a experiência, qual foi a maior dificuldade e provocando os alunos para verem diferenças e semelhanças entre os desenhos. 

Em turmas com estudantes cegos ou com baixa visão, você pode trabalhar o aspecto tátil por meio do uso de tinta relevo ou de um barbante para contornar o corpo. No caso de um estudante com deficiência física, é preciso considerar as particularidades e os cuidados com ele antes de propor essa atividade inclusiva.

3. Guiar os colegas

Essa é uma das atividades inclusivas para fazer em sala de aula que mais promove colaboração, confiança e a expressão dos alunos. 

A ideia é dividir os alunos em trios e pedir que eles formem um trenzinho, sendo que o contato entre eles deve ser feito pela mão no ombro do coleguinha. 

Os alunos que ficarem na frente do trenzinho e atrás deverão ser vendados, deixando que o aluno que ficar no meio seja o guia e oriente os colegas a caminhar pela sala de aula evitando os obstáculos. 

As posições podem ser rotacionadas, para que todos possam ter a experiência. Depois dela, o ideal é conversar sobre o que aconteceu e o que eles aprenderam com isso. 

4. Móbile de notícias

Essa atividade inclusiva é destinada para estudantes do segundo ciclo inicial em diante. Seu principal objetivo é formar leitores críticos.

Os objetivos da atividade são despertar o interesse pela leitura de jornais, promover o trabalho em equipe e desenvolver e incentivar a aprendizagem colaborativa.

Primeiro, reúna jornais impressos de diferentes grupos de comunicação. Você também vai precisar de cartolina A3, duas cartolinas A4 ou papel sulfite para cada estudante e barbante.

Em seguida, separe os estudantes em grupos e dê um jornal para cada equipe. Peça que eles respondam as seguintes perguntas:

  • Quantos cadernos tem o jornal?
  • Quais os títulos dos cadernos?
  • Qual o assunto de cada caderno?

Cada equipe deve apresentar para a turma o jornal que recebeu. Em seguida, selecione algumas notícias do jornal do dia, recorte-as e cole-as na cartolina. O ideal é que elas sejam curtas.

Exponha a cartolina com os recortes de jornal para a turma, que deverá escolher uma das notícias a ser trabalhada em sala. Caso haja estudantes cegos ou com baixa visão, prepare manchetes também em braile e faça a audiodescrição das imagens.

Escolhida a notícia, leia-a em voz alta para a turma. Depois, distribua as cartolinas A4 entre as equipes e peça que reconstituam a notícia, por meio de pequenas frases e colagem de figuras.

Os estudantes também devem escrever em outra cartolina o que acharam da notícia e propor soluções para o problema que ela apresenta. Oriente-os a escrever um parágrafo curto, com opiniões justificadas e fundamentadas na leitura do jornal. Em grupos com estudantes cegos, o texto deve ser escrito em tinta e em braile. No caso de surdos, peça para a criança contar a notícia em Libras.

Pegue o barbante para finalizar a atividade inclusive. Ele deve ligar as cartolinas na seguinte ordem:

  • Recorte do jornal
  • Textos reescritos
  • Textos de opinião

Prenda o barbante no teto da sala para que a turma possa contemplar o trabalho realizado.

5. Criação de calendários

Essa atividade inclusiva é destinada para estudantes do primeiro ciclo. O calendário ajuda a criança a internalizar formas de expressão numérica e letrada.

Os objetivos dessa atividade são trabalhar conceitos de orientação temporal e sequência numérica, além de noções de quantidade.

Para realizá-la, você vai precisar de:

  • Folha de papel A3 ou A2 em uma gramatura maior, como EVA, papelão ou papel cartão
  • Um pote de danoninho para cada dia em numeral, dia da semana e mês;
  • Palitos de sorvete.

Na folha de papel, disponha os dias da semana e do mês, além do ano, da seguinte forma:

  • Dias escritos em numerais, de 1 a 31, em tinta e em braile;
  • Nomes dos doze meses do ano em letras maiúsculas, escritos em tinta e em braile;
  • Dias da semana em letras maiúsculas, escritas em tinta e em braile;
  • Ano em numerais, escrito em tinta e em braile.

Na frente de cada mês e dia da semana, faça a colagem de uma figura em relevo ou com elementos táteis que simbolizem o período do ano. Os potes de danoninho devem ser colados acima de cada dia, mês e dia da semana.

Finalizada a montagem do calendário, peça para os estudantes colocarem os palitos de sorvete no potinho correspondente ao dia da semana e ao mês.

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O papel do professor na construção de uma escola inclusiva 

Para que a educação inclusiva chegue com força no sistema educacional regular, existe a necessidade de se criar uma rede de apoio. 

É preciso contar com iniciativas do Estado, com políticas públicas, com a participação ativa de pais e responsáveis e com a formação adequada de professores e equipe escolar. 

E este é um dos maiores desafios na formação do professor porque, em muitas esferas, a educação inclusiva ainda é vista como paralela à educação regular. 

Assim como durante o uso de metodologias ativas, dentro da sala de aula inclusiva, o professor toma papel de guia, de mediador e mentor. Nesse cenário, o projeto pedagógico deve ser o responsável por promover a equidade de oportunidades e a diversidade. 

O papel do professor, nesse sentido, seria de intervir nas atividades quando o aluno não tiver autonomia para se desenvolver sozinho, ajudando-o e mostrando o caminho. 

Para isso, ele deve estar preparado e qualificado. Parte do conhecimento necessário para garantir mais inclusão em sala de aula é adquirido em cursos de pós-graduação em educação, que podem ser feitos presencialmente ou em EAD.

Geralmente, a grade curricular de especializações voltadas à educação inclusiva abordam fundamentos do braille e Libras, preceitos de diversidade e metodologias de ensino.

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Mariana Bortoletti

Por Mariana Bortoletti

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Mercadóloga, jornalista e especialista em escrita criativa.